Tal como já demonstrámos ao falecido General Lopes
Camilo, numa digressão a Pemba (Porto Amélia), lembramos ao Excelentíssimo
Senhor General Chito Rodrigues que não vale de nada pagar para pintarem umas
tantas pedras desconexas das campas já destruídas se, no essencial, ninguém
garante a limpeza periódica e a segurança das sepulturas. São os jornalistas e
as autoridades locais que alertam para o tráfego de ossadas em terras de
Moçambique. Quanto a Angola, quando nos deslocámos ao antigo Cemitério Novo,
corremos sérios riscos de sermos molestados, já que as gentes locais não vêem
com bons olhos a visita de portugueses para constatarem a criminosa destruição dos
mármores da entrada do Cemitério e das centenas de campas existentes naquele
local. Não fora a coragem do taxista que nos acompanhou e teríamos sofrido
represálias.
Temos em Portugal um conjunto de responsáveis que um
dia responderão pelos gravosos prejuízos causados à Pátria, porque nada fizeram
para restituir os mortos aos respectivos familiares e têm desprezado os
combatentes que lutam para sararem as mazelas provocadas pela guerra. É mais
uma amostragem da sua cobardia e incompetência como chefes.
Escudados
atrás de Instituições de duvidoso interesse, manipulam a opinião pública e os
poderes em função dos seus interesses mesquinhos e antipatrióticos, numa
campanha indecorosa e triste contra os princípios e valores duma Pátria digna
dos seus combatentes mortos e abandonados na lonjura das terras africanas.
È por causa de pessoas deste calibre que a Liga de
Combatentes, servil da política dos cobardes do Ministério da Defesa, vai
liderando a ideia aberrante da “Conservação das Memórias”, gastando muitas
dezenas de milhares de Euros em deslocações e estadias de “veraneio” de pessoas
nada interessadas na resolução definitiva da questão dos mortos e abandonados.
Sabemos que seria muito mais económico e seguro transladar para Portugal os
restos mortais existentes em campas devidamente identificadas, mas percebemos
que isso acabaria com as “férias pagas” para um conjunto de pessoas que estão a
servir-se dos bens do Estado, numa total afronta e desrespeito dos companheiros
de armas dos que morreram em campanha.
As notícias e testemunhos recolhidos nos países onde
se encontram esses restos mortais referem duas situações importantes que é
urgente tratar: as autoridades locais não garantem qualquer tipo de segurança
contra a profanação e destruição das campas e as populações exigem que esses
locais lhes sejam restituídos para outras utilizações rentáveis. Por isso,
mostram-se colaborantes para ajudar na remoção das ossadas dos nossos “mortos”
com destino a Portugal. E, se não houver uma acção urgente nesse sentido, daqui
a pouco não haverá nada para resgatar.
Junho de 2011
Movimento Cívico de Antigos Combatentes
A Liga dos Combatentes só quer pompa e circunstância,mas atos nem ver.
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