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29 de março de 2013

Sugestões da Petição

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https://www.youtube.com/channel/UCq5OZYiMI8gWNV0iev8YnMw/videos

 
MOVIMENTO CÍVICO DE ANTIGOS COMBATENTES 
 
 
Mortos da guerra do Ultramar abandonados em África.
Não foram esquecidos pelos companheiros de armas.
Resgatemos os seus restos mortais para Portugal.
 
ANEXO À PETIÇÃO 
             
Recomendação à Assembleia da República

Esta recomendação do Movimento Cívico de Antigos Combatentes é feita no sentido de auxiliar os Senhores Deputados na reflexão e discussão da Petição agora apresentada, visando a transladação para Portugal dos militares portugueses mortos durante a guerra do Ultramar e sepultados nos territórios da Guiné-Bissau, Angola e Moçambique.

 Antecedentes
Programas da RTP, visitas de antigos combatentes aos cemitérios do ex-Ultramar, missões particulares de resgate de restos mortais de militares, feitas em nome das famílias, na Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, relatos de violação e destruição dos túmulos, notícias e testemunhos de viajantes que denunciam o uso dos ossos dos soldados em tráficos indignos, despertaram a consciência dos antigos combatentes para o estado de deplorável abandono, destruição e falta de dignidade em que se encontram as campas dos militares portugueses que morreram em combate naqueles territórios e ali ficaram sepultados.

No sentido de acudir e dar dignidade àqueles que foram seus irmãos de armas durante o conflito colonial, os antigos combatentes organizaram-se num movimento cívico com a finalidade de alertar as autoridades portuguesas para este problema, e colaborarem com a Liga dos Combatentes no sentido de a ajudarem a encontrar soluções rápidas antes da destruição definitiva dos túmulos.

Reuniões com os responsáveis da Liga dos Combatentes: revelaram que a Liga não dispõe de recursos suficientes, financeiros e humanos, para realizar uma acção imediata e concertada que impeça o vandalismo, a destruição dos locais e dos restos mortais daqueles portugueses que tombaram combatendo por Portugal. A Liga dos Combatentes, nas palavras do seu presidente, nada mais pode fazer que dar apoio moral, o que, convenhamos, é muito pouco, e não é a verdadeira solução que precisamos encontrar rapidamente.

O que fazer
Das inúmeras reuniões e encontros dos antigos combatentes para discutir o que fazer, e perante as limitações manifestadas pela Liga dos Combatentes, emergiu o sentimento de que o abandono dos militares mortos em combate e do seu resgate para Portugal, é um problema de todos os portugueses, civis e militares, de toda a sociedade.

O modo encontrado no sentido de mobilizar os cidadãos e sensibilizar o Governo, tornando visível o problema do abandono, bem como as soluções a encontrar que viabilizem esta nobre causa, foi a recolha de milhares de assinaturas que dessem corpo a uma Petição a entregar à Assembleia da República.

Através dessa Petição, permitir que os Senhores Deputados possam discutir as soluções a encontrar e votem uma Proposta de Resolução dirigida ao Governo, visando transladar para junto das famílias, os filhos de Portugal que a guerra não permitiu que tivessem regressado.
 
À semelhança do que fizeram outras nações civilizadas, como a Itália, os EUA, a Austrália, o Canadá, a Espanha, a Zâmbia e a Tanzânia, os seus governos, com a colaboração e o envolvimento directo dos responsáveis militares e das suas organizações de veteranos, foram aos campos de batalha recuperar os restos mortais de muitos dos seus soldados, trazendo-os de volta para os seus países, mesmo que essa busca e recolha se tivessem prolongado por dezenas de anos. 

O mapa dos mortos
Segundo os números divulgados pela Liga dos Combatentes – que estão em permanente actualização e, portanto, não são definitivos – Portugal sofreu durante a guerra colonial entre 1961/1975, cerca de 9500 baixas. Cerca de metade estão sepultados nas zonas de combate. São cerca de 3715 os militares que têm estado a ser alvo de acções de localização e identificação. A Liga calcula que em Angola e Moçambique estejam cerca de 3000 combatentes sepultados, na Guiné-Bissau cerca de 800. Estima-se que cerca de 40% sejam do recrutamento metropolitano e 60% do recrutamento local. 
Deste mapa, importa clarificar as seguintes situações: há casos em que se conhecem as localizações dos corpos sepultados, e onde não se conhece. Nas localizações conhecidas, há militares que estão identificados (a minoria) e os que não estão identificados. Em ambos os casos, identificados e não identificados, estão sepultados militares do recrutamento metropolitano (a minoria) e militares do recrutamento local. 

A Revista “COMBATENTE”, órgão de informação da Liga dos Combatentes, na edição de Dezembro de 2007, fornecia a seguinte informação, quanto a "Identificados/Localizados", referindo-se apenas aos militares de recrutamento metropolitano: Guiné 150; Angola 586; Moçambique 288. Os termos "Identificado/Localizado" deveria corresponder a saber-se qual é a campa de cada localizado. Mas não. Corresponde apenas a saber em que cemitério está sepultado. Há muita imprecisão nos números. 

Proposta de acção
O Movimento Cívico de Antigos Combatentes pretende que sejam criadas equipas técnicas para exumação e transladação dos restos mortais dos militares. Essas equipas, formadas por especialistas, devem permanecer no terreno, a tempo inteiro, até à total resolução do problema. 

As equipas técnicas devem instalar-se na Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, agindo de acordo com protocolos obtidos com celeridade entre o Estado português e as autoridades desses países, trabalhando rapidamente, antes que nada haja para recuperar. E devem fazê-lo segundo um plano composto pelas seguintes fases: 

1.      Aos militares localizados e identificados pela Liga dos Combatentes, deve agir-se de imediato (prazo máximo de 1 ano após a aprovação da Proposta de Resolução), recuperando e transladando os seus restos mortais. 

      Destes, os que são do recrutamento metropolitano, devem trazer-se para Portugal e entregá-los às famílias que os queiram receber. Se porventura houver famílias que os não desejem, deverão ser sepultados num cemitério a designar pela autarquia de onde eram naturais. As autarquias estão prontas para o fazer e colaborar. 

      Os militares do recrutamento local, deverão ser concentrados num cemitério, de preferência na capital ou numa cidade importante da Guiné-Bissau, de Angola e de Moçambique. Nesses cemitérios deve ser criado um espaço próprio com a maior dignidade para honrar a sua memória. Nesses espaços, o Estado português deverá providenciar, através das embaixadas de Portugal, a regular gestão e manutenção, para que não mais se repitam as degradantes situações anteriores.  

      Chamamos a atenção dos Senhores Deputados, de que há muitas campas onde ainda se podem ver os nomes dos aí inumados. Mas as referências estão a perder-se a cada dia que passa. É urgente ir levantar essas ossadas, perguntando às famílias se querem a transladação. Para realizar este trabalho não há necessidade de técnicos, apenas de testemunhas. As famílias até poderiam ir testemunhar, se o quisessem, mas à sua custa.  

      A operação de recolha das ossadas e transporte para Portugal, dado não necessitar de técnicos para a sua execução, é um trabalho que pode ser feito rapidamente, com relativa facilidade, e um custo baixo. A experiência das exumações particulares realizadas em nome das famílias, apontam nesse sentido. É um custo insignificante para o Estado português, e permitirá a reparação parcial de uma injustiça. 

      Fazendo-a de imediato, ainda podemos consolar muitas famílias que aguardam há décadas o regresso dos seus filhos. No passado, todos cometemos erros e omissões, mas ainda vamos a tempo de os minimizar, se agirmos sem demora. 

2.       Os militares localizados e não identificados, devem ser exumados (prazo máximo de 2 anos após a aprovação da Proposta de Resolução), e transladados. No momento da exumação, pela análise local dos ossos, os técnicos podem determinar os que são africanos e caucasianos.
      Destes, os que forem identificados como caucasianos (recrutamento metropolitano), deverão ser transladados para Portugal e sepultados num cemitério a designar, num espaço da maior dignidade, à semelhança do que foi feito com a transladação dos presos que morreram no campo de concentração do Tarrafal. 

      Aos militares que os técnicos identifiquem como africanos, (recrutamento local) deverá ser dado um tratamento semelhante aos metropolitanos, mas no cemitério de cada um dos três territórios, gerido e mantido pelo Estado português, no espaço digno, preservado, onde já foram sepultados os militares identificados. 

3.     Para os militares desaparecidos e não localizados, a Liga dos Combatentes deve constituir uma equipa especializada, a tempo inteiro, que desenvolva um trabalho de pesquisa nos três territórios, visando a localização e identificação das campas desses militares. Quando a sua localização e identificação se concretizar, deve proceder-se de acordo com o previsto nos números 1) e 2).   

Colaboração da sociedade civil
Em Março de 2008, as organizações de pára-quedistas antigos combatentes, em colaboração com a Liga dos Combatentes, montaram uma missão para exumar e transladar para Portugal, três dos seus camaradas que caíram em combate e ficaram sepultados em Guidaje, na Guiné-Bissau.
A realização desta missão permitiu obter um conjunto de experiências em que, para além do envolvimento directo de militares no planeamento, execução e realização de cerimónias, pôs em evidência a disponibilidade das organizações da sociedade civil que, de modo gracioso ou a baixo custo, colaboraram no regresso a casa destes militares portugueses, entregando-os às famílias – comovidamente reconhecidas – nas suas terras de origem. 

De realçar a colaboração da TAP no transporte de Bissau para Lisboa das caixas com os restos mortais, e da Associação das Empresas Lutuosas que realizou os funerais para as diferentes localidades do país. Ambas, realizaram estes transportes a título gracioso, mostrando como a sociedade civil se pode envolver nestes actos, honrando a memória destes portugueses caídos em combate. Esta experiência mostrou que algo de semelhante pode ser feito para transladar todos os outros militares caídos durante o conflito colonial. 

Ponto importante
O Movimento Cívico de Antigos Combatentes acredita que a Assembleia da República e o Governo, órgãos representativos do Povo português e da democracia, saberão encontrar as rápidas respostas que conduzam à exumação e transladação para os locais dignos, propostos no Plano que aqui apresentamos.
Temos a certeza que o sentido da honra e do dever das autoridades portuguesas não deixará ficar ao abandono e no esquecimento esses outros portugueses que já não têm voz, que apenas falam e exigem que os honrem e os respeitam pela voz e pela vontade daqueles que foram seus irmãos de armas, que combateram ao seu lado, que viveram junto de si e os viram morrer.

Mas o Movimento Cívico de Antigos Combatentes está determinado a não permitir que, numa aparência de alguma coisa se querer fazer, não o fazendo, ou não o fazendo em nome da falta de meios humanos e financeiros, está determinado a tomar em mão, a iniciativa de trazer, para Portugal e para locais dignos nos outros territórios, os militares que morreram lutando por Portugal.  

Se o Estado português não for capaz de realizar, nos prazos indicados, o que as outras nações fizeram, trazendo para casa, para as suas famílias, os seus mortos caídos no campo de batalha, o Movimento Cívico de Antigos Combatentes mobilizará a sociedade civil e as organizações de cidadãos para intervirem directamente com todos os meios que conseguirem reunir. Os homens que combateram em África saberão organizar-se para ir directamente aos cemitérios e baldios, a todos os locais onde haja corpos de portugueses, para resgatá-los da indignidade e trazê-los para casa, honrando a sua memória.
 
Lisboa, A.R. – 22 de Janeiro de 2009  

 Movimento Cívico de Antigos Combatentes
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Como é sabido, já lá vão 4 anos, desde que a Assembleia da República aprovou uma "Recomendação" ao Governo... até hoje continua tudo como dantes! Ao rítmo do "faz de conta" da Liga dos Combatentes!
 
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25 de março de 2013

HOMENAGEM

 
 
Vejam o link:


HOMENAGEM  AOS  HEROICOS  SOLDADOS PORTUGUESES

Uma homenagem a todos aqueles que se bateram por uma Bandeira e por províncias Portuguesas, dando suor, lágrimas e sangue por um Portugal que hoje não existe mais.

Soldado, estas páginas são tuas.

Somente tu a escreveste, galgando serrarias, desbravando matagais, dormindo à luz de estrelas.

Trilhaste os duros caminhos.

Pela tua coragem  e pelo teu heroismo tu ficarás na história como exemplo de todos aqueles que pela pátria lutaram e seus campos regaram de sangue e de suor.

Lutaste por um Portugal de ontem - diziam que desde onde o sol morria até onde ele despontava era Portugal.

Foste traído, espoliado e esta geração de governantes não te respeita.

Nós não deixaremos abrandar a vigilância um só momento, até teres o reconhecimento merecido e teu passado dignificado.

Venho-te dizer que não estás abandonado. Há mais alguém que pensa em ti, está contigo e te agradece

 AVM – Arquivo Vivo de Moçambique
 
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Na verdade, continuamos a ser traidos e espoliados...
 

23 de março de 2013

TESTEMUNHOS Directos

1 - RAZÕES PARA MEDITAR – As guerras ultramarinas

 A História estuda cada facto da guerra e os fenómenos que lhe deram origem para atingir determinados fins. No entanto, a guerra traz sempre consequências dramáticas para os intervenientes directos, mesmo que ajude a desenvolver tecnologias aproveitáveis para o bem-estar da humanidade. À Sociologia interessa o método comparativo que estuda os grupos e tipos de fenómenos que originam a guerra dentro do seio social de cada indivíduo ou grupo social que intervém na guerra.

 No caso Português, os avisos de que tudo estava a mudar no tocante aos povos colonizados não foram devidamente acatados pelos governantes nem pelos residentes nas colónias. Na Conferência de Bandung (Java-Indonésia), realizada em Abril de 1955, várias organizações internacionais e governos dos “países não alinhados”, tais como a Índia, Indonésia, Paquistão, Cuba, Egipto e outros influentes nas Nações Unidas declararam todo o apoio aos movimentos políticos criados nas colónias com vista à independência. Desde que a Índia ficou independente do Império Britânico, em Agosto de 1948, sempre pretendeu retirar à administração portuguesa todos os territórios encravados na costa do Malabar; as escaramuças agravaram-se quando a União Indiana invadiu Dadrá e Nagar-Aveli, em Junho de 1954, concluindo a invasão de Goa, Damão e Diu em vésperas do Natal de 1961. As consequências foram dramáticas para as tropas portuguesas, tendo ficado prisioneiros mais de três mil militares, os quais foram humilhados durante o cativeiro.

 Os governantes portugueses demonstraram o mais vil desprezo pelos militares cativos, não aceitando as condições objectivas propostas pelos indianos com vista ao repatriamento. Essa demora causou mais indignação e sofrimento a esses compatriotas que lutavam pela sobrevivência em cada novo dia. Enquanto isso, em Angola, as autoridades e alguma imprensa tentavam esconder os efeitos da machadada desferida no moribundo Império colonial português, protagonizada pela União Indiana. Aproveitando a desgraça que atingia os militares portugueses destacados na “Índia Portuguesa”, foi organizado e posto em prática um insólito peditório público com vista à compra de um novo navio Afonso de Albuquerque para substituir o que foi afundado nas proximidades de Goa. A adesão foi grande e os fundos recolhidos avultados; mas nunca soubemos qual a sua aplicação.

 

Joaquim Coelho

(Repórter de guerra)






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2 - Um corpo metido no cunhete...

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VER:
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GUERRA COLONIAL PORTUGUESA 1961 - 1974

"ANGOLA - CEMITÉRIO JUNTO À IGREJA.
LADO A LADO SOLDADOS GUERRILHEIROS E COLONOS"

*DE NAMBUONGONGO A ZALA ( MISSÃO DIFÍCIL E PERIGOSA )*
.........Baptista foi o primeiro a dar um passo em frente. Depois dele mais 37 avançaram também. Já sobravam.
Lá foram cumprir a missão de combate, bem dramática por sinal.
O inimigo emboscado, à espera, tinha montado uma mina anti-carro, espécie de tacho grande de ferro com 5 Kg de explosivos lá dentro, comandada á distância por um fio:
Deu uns tiros na frente da coluna de viaturas, que pararam, puxou o fio e a mina explodiu com grande estrondo, destruindo a frente do jipão da Breda e fazendo um buraco com de 4 metros que cortava a picada de lado a lado.
O furriel Moreira, com a cara esfacelada, acabou por morrer no Heli a caminho de Luanda. Foi o Baptista que de fogo cerrado o arrastou para a valeta e que ajudou o cabo-enfermeiro a fazer-lhe o penso, numa tentativa de estancar a hemorragia da jugular.
Foi ele que descobriu pedaços de carne negros, espalhados por toda a aparte.
- Morreu um deles, meu capitão!
- Meta os pedaços que encontrar num cunhete de morteiro (caixa de madeira das granadas, já vazia). Conte lá o nosso pessoal.
- Estamos todos, meu capitão.
- Diga ao comandante do grupo de combate do Moreira para contar o pessoal dele e você volte a contar o nosso pessoal.
Apareceu daí a nada. Tinha encontrado pendurado no capim, pendendo sobre a picada, um pedaço de carne colado a um farrapo de camuflado com um botão.
- É nosso, meu capitão: Eles não têm camuflados.
- Pois é - disse o capitão.
Era o soldado Vieira, apontador da Breda, que tinha sido apanhado pela mina e os pedaços de carne estavam negros de queimados. Pegaram fogo ao capim encosta acima, taparam como puderam o buraco na picada, levantaram a frente do jipão que acorrentaram à traseira de uma GMC e, quando chegaram a Zala, já noite alta, o capelão rezou uma missa de corpo presente, com os restos do soldado Vieira que reuniram no cunhete.
O Baptista chorava amparado ao capelão e ao capitão Almeida Bruno do outro lado.
Na volta, no outro dia, tiveram nova emboscada. Ficou ferido, com um tiro numa perna, um soldado do Poço do Canto.
Chegados a Nambuangongo, enterraram os restos do Vieira, agora aconchegados num caixão, no cemitério, ao lado da Igreja.(ver imagem em cima, do Major Mendes Paulo).
...
Do livro de José Pais " HISTÓRIAS DE GUERRA - Índia Angola e Guiné Anos 60", excerto do capitulo "Baptista - um Combatente da Touça" paginas 51 e 52.


Realidades sofridas...
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HONRAR A PÁTRIA!


Sim, Honrar a Pátria... que os governantes desonram!


HONRAI A PÁTRIA, QUE ELA VOS COMTEMPLA!
 Os anos vão passando... as memórias vão-se diluindo... as forças já vão faltando e muitos de nós já desapareceram na poeira das recordações, cumprida que foi a sua passagem pela terra! Sim! Muitos daqueles que connosco cumpriram missão de soberania na defesa de um ideal chamado Pátria Portuguesa de Além Mar, já não pertencem ao mundo dos vivos, sem que a Pátria houvesse reconhecido qual o papel que vieram a desempenhar no suster do holocausto que estava a ser perpetrado pelas forças que então combatiam os Portugueses e que pretendiam alcançar a sua independência, o que reputo como um direito inalienável... se excluídos os massacres contra seres indefesos como eram os velhos, as mulheres e as crianças, que foram chacinadas naqueles terríveis tempos de Março de 1961 e seguintes.
Depois das independências dos territórios onde flutuou a Bandeira de Portugal por mais de 5 séculos, julgo que deveria ter chegado o momento de ser reconhecido o esforço do Soldado Português de Terra, Ar e Mar, que por lá verteu sangue, suor e lágrimas - citando Winston Churchill - para que os outros vivessem!
É triste que em todo o mundo, na celebração do fim da I Guerra Mundial, os Combatentes sejam recordados no "Dia da Memória", que homenageia todos aqueles que pereceram nas várias guerras desencadeadas depois desse conflito.
A França e a Alemanha, que se digladiaram nesta guerra, uniram-se para honrar os seus mortos, como o fazem o Reino Unido, a Bélgica... os Estados Unidos, o Canadá ou a Rússia!
 Mas Portugal... parece que apenas se lembrava de ter participado na 1ª. Guerra Mundial enquanto havia Combatentes vivos, porque agora até parece envergonhar-se de haver participado na guerra, retirando algum brilho às cerimónias, conforme se nota nos últimos tempos.
É uma pena... mas em Portugal parece que as autoridades pretendem votar ao ostracismo aqueles nossos Soldados que morreram no Ultramar... e o mesmo se pode constatar em relação aos que ainda hoje sofrem na carne as profundas cicatrizes adquiridas na sua estadia no teatro de operações em África.
Antigamente havia o culto dos heróis, que se realizava a 10 de Junho - Dia de Portugal, mas hoje não os recordamos, em termos oficiais, porque os políticos sentem que não são eles dignos de ser honrados! Faz-se o Dia de Portugal e de Camões, mas os Combatentes do Ultramar são ignorados! Apenas as Associações de Combatentes vão remando contra a maré e tentam que eles não sejam esquecidos, fazendo uma cerimónia junto ao Monumento que os perpetua!
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No dizer da Jornalista Isabel Stilwell, em editorial do Jornal Destak, "EM PORTUGAL RECORDAMOS POUCO E TEMOS UMA DIFICULDADE ENORME EM FALAR DOS NOSSOS SOLDADOS MORTOS NO ULTRAMAR, OU QUE AINDA HOJE SOFREM SEQUELAS PROFUNDAS DAQUELES COMBATES. QUANDO NÃO RECORDAMOS, NÃO HOMENAGEAMOS AQUELES QUE DERAM A VIDA PELO SEU PAÍS, ROUBAMOS SENTIDO À DOR E TRAÍMO-LOS. OS COMBATENTES EM ÁFRICA, POR FORÇA DE UM VOLTE-FACE POLÍTICO, NÃO TIVERAM DIREITO A SER TRATADOS COMO HERÓIS! FOMOS INCAPAZES DE DISTINGUIR A JUSTEZA DA GUERRA (E HÁ ALGUMA QUE O SEJA?) COM A GENEROSIDADE DE QUEM CUMPRIU O SEU DEVER. E UM PAÍS QUE NÃO É CAPAZ DE RECORDAR É, PARADOXALMENTE, UM PAÍS SEM FUTURO."
Ninguém poderá deixar de estar de acordo, acredito!
O meu bem-haja aos que ainda atiram pedras para o charco da memória dos que perdem as memórias - governantes e Liga dos Combatentes! Joaquim Coelho